quarta-feira, 14 de setembro de 2011


Cientistas criam células-tronco para evitar extinção de espécies

Pesquisas podem ajudar a salvar rinoceronte branco e um macaco africano ameaçados de extinção.

Da BBC
Cientistas nos EUA anunciaram ter produzido células-tronco de rinoceronte-branco do norte e de um macaco africano, o que pode ajudar a garantir a sobrevivência das duas espécies ameaçadas de extinção.
Os cientistas relatam, na publicação "Nature Methods", que as células-tronco poderão ser transformadas em diferentes tipos de células do corpo dos animais. Se forem convertidas em óvulos e esperma dos animais, "filhotes de proveta" poderão ser desenvolvidos.
Tais aplicações ainda estão num futuro distante, mas a chefe da equipe de pesquisa, Jeanne Loring, disse que os estudiosos ficaram especialmente entusiasmados com os resultados obtidos com as células de rinoceronte, que superaram suas expectativas.
Rinoceronte-branco 1 (Foto: AP Photo / via BBC)Rinoceronte-branco é uma das espécies que podem ser salvas pela pesquisa. (Foto: AP Photo / via BBC)
As células-tronco foram feitas a partir da pele dos animais, em um processo de "reprogramação" - nele, retrovírus e outras ferramentas da biologia celular moderna são usados para devolver as células a um estágio prévio de desenvolvimento.
Nesse estágio, as células são "pluripotentes", ou seja, podem ser induzidas a formar diferentes tipos de células específicas, como neurônios e cartilagens.
Os procedimentos em questão dependem muito de tentativas e erros, e os pesquisadores esperavam êxitos nos feitos com o macaco africano (chamado de drill), pelo histórico de experimentos prévios feitos com primatas. Mas os resultados das pesquisas com o rinoceronte surpreenderam.
"Não foi fácil fazer com que funcionasse, mas funcionou", disse Loring à BBC News.

Estudos que partem dessa premissa já estão em curso em humanos, para combater problemas como falência cardíaca, cegueira, derrames e lesões na espinha dorsal - ainda que o uso prático de tais pesquisas seja tema de debates.As aplicações iniciais da pesquisa devem ser medicinais. No caso de animais sofrendo de doenças degenerativas, como diabetes, as células-tronco podem, em tese, virar substitutas de célulasque estiverem perdendo suas funções.
Uma ideia que empolga os cientistas é criar embriões ao induzir células-tronco a fazer óvulos e esperma.
"Fazer gametas (células reprodutivas) a partir de células-tronco ainda não é algo rotineiro, mas há relatos de que isso esteja sendo feito com animais em laboratórios", prosseguiu Loring.
Ela crê que a técnica é mais promissora do que a de clonagem de animais ameaçados, por ter uma taxa de sucesso maior. 'Você tem a possibilidade de fazer novas combinações genéticas, em vez clonar, que apenas reproduz animais já existentes."
"Último esforço"
O cientista conservacionista Robert Lacy, da Sociedade Zoológica de Chicago, disse que a técnica pode, algum dia, tirar algumas espécies do risco de extinção, mas que ainda há muito trabalho a ser feito.
"As perspectivas para o uso desses métodos, de dar continuidade à linhagem dos últimos indivíduos de algumas espécies, será um último esforço, após termos falhado em proteger esses animais de maneiras prévias, mais simples e eficientes", afirmou Lacy.
Esse é o caso, ele diz, do rinoceronte-branco do norte, existente na África e ameaçado pela caça ilegal.
Três anos atrás, a população selvagem da espécie estava reduzida a apenas quatro indivíduos que habitavam um parque nacional na República Democrática do Congo. Expedições recentes sequer conseguiram localizar esse pequeno grupo.
Dessa forma, é possível que sete rinocerontes-brancos do norte enjaulados sejam os últimos representantes da espécie no planeta.
Já o primata drill (Mandrillus leucophaeus) também está com uma população declinante na Nigéria e em Camarões, principalmente por causa da caça e por perda de habitat.
As pesquisas de células-tronco têm unido cientistas conservacionistas e de laboratório - caso de Jeanne Loring, que chefia o Centro de Medicina Regenerativa no Instituto de Pesquisas Scripps, na Califórnia.
Seu objetivo imediato é replicar o trabalho desenvolvido com o rinoceronte em outras dez espécies de animais ameaçadas, incluindo uma de elefante.


Nenhum comentário:

Postar um comentário