segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Nanomedicina no tratamento do câncer



por James R. Heath, Mark E. Davis e Leroy Hood
JESSICA WEISMAN
NANOPARTÍCULAS DESENVOLVIDAS para transportar cargas terapêuticas são salpicadas com proteínas que atuam como chaves para permitir sua entrada nas células tumorais.
Antes de começar os exercícios na academia, ou de comer uma fatia de bolo na festa do escritório, os diabéticos utilizam um dispositivo portátil para medir a quantidade de açúcar no sangue. Assim, podem controlar a ingestão de alimentos ou de insulina, prevenindo quedas e picos de glicose, típicos da doença. O baixo custo desses equipamentos, que permitem checar diariamente os níveis de glicose, tem beneficiado enormemente os diabéticos, principalmente se for considerado como era a vida dessas pessoas há uma década, quando a doença era considerada mais grave e havia menos controle sobre ela.

A qualidade de vida – propiciada aos diabéticos pelas tecnologias que, de modo fácil e barato, oferecem informações sobre o corpo – nos dá idéia das mudanças que estão ocorrendo na medicina: previsão, prevenção e adaptação às necessidades das pessoas, além de lhes permitir maior controle sobre a própria saúde. De fato, essas novas tecnologias já vêm alterando os rumos da medicina.

Um aspecto crítico para essas mudanças na medicina é a miniaturização de tecnologias para exames diagnósticos realizados com porções reduzidas de sangue, ou mesmo de algumas células retiradas de tecidos doentes. Essas possibilidades, construídas em escalas micro e nanométrica, podem manipular um grande número de moléculas biológicas, de forma rápida, precisa e barata. A combinação de custo e desempenho abre novas possibilidades para o estudo e o tratamento de doenças, permitindo que o corpo humano seja visto como um sistema dinâmico de interações moleculares. Medidas realizadas em diversos sistemas são, posteriormente, integradas em modelos computacionais para revelar os primeiros indícios de possíveis problemas. Quando essas informações são combinadas a novas terapias baseadas em nanotecnologia, o tratamento pode ser direcionado exclusivamente para problemas específicos, sem efeitos colaterais mais sérios.

Embora possamos prever que a medicina se apoiará completamente sobre esses princípios, a pesquisa com câncer nos oferece exemplos atuais de como a tecnologia em escala ultra-reduzida fornece os dados para uma visão ampla dos sistemas de doenças.
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James R. Heath, Mark E. Davis e Leroy Hood James R. Heath é diretor da NanoSystems Biology Cancer Center e professor de química do Califórnia Institute of Technology (Caltech), onde trabalha com materiais nanoestruturados e circuitos nanoeletrônicos, além de tecnologias para diagnóstico e tratamento de câncer. Mark E. Davis , professor de engenharia química também do Caltech, desenvolveu materiais especializados para terapia experimental e fundou duas companhias, a Insert Therapeutics e a Calando Pharmaceuticals, que desenvolvem terapias de nanopartículas. Leroy Hood fundou o Institute for Systems Biology, em Seattle, e hoje é seu presidente. Foi também pioneiro em tecnologias de seqüência e síntese de DNA e proteínas. Hood e Heath também fundaram a Integrated Diagnostics, uma companhia de medicina de sistemas que está pesquisando biomarcadores para doenças e desenvolvendo plataformas em nanotecnologia e microfluídica, para transformar os biomarcadores em ferramentas diagnósticas.

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